top of page

 

 

 

Mesa Abertura “Educação, Memória e Contemporaneidade”

 

Dr. Luis Fernando Cerri (UEPG)

Educação, memória e contemporaneidade: um ensaio envolvendo representações sobre o racismo e a ditadura militar.

Diversos pensadores da área das ciências humanas no Brasil identificam a conciliação como traço marcante da cultura política brasileira. Pode-se imaginar qual o impacto da conciliação na memória, principalmente quando os conflitos conciliados continuam gerando tensões: em algum momento, as memórias conciliadas explodem a conciliação e são recolocadas como conflito velado ou aberto. Refletiremos sobre como retornam à cena atual, principalmente nas opiniões dos jovens, os conflitos em torno de dois processos traumáticos na história nacional: o racismo e a ditadura militar.

 

 

Dr. Carlos Giannazi (USP / Deputado Estadual pelo PSOL e membro titular da Comissão de Educação e Cultura de SP)

Marcha Contra o Saber: o Golpe Militar de 1964 e o AI-5 na USP

Em Marcha contra o Saber: O Golpe Militar de 1964 e o AI-5 na Universidade de São Paulo, Carlos Giannazi remonta com argúcia um quebra-cabeça cujas peças estiveram em conflituoso embate, gerando uma obra precisa e profundamente necessária para o entendimento do impacto da ditadura militar na vida universitária. Com prefácio de Vladimir Safatle, filósofo, professor livre-docente da USP e colunista do jornal Folha de S.Paulo, este livro, fruto de uma pesquisa exaustiva, concede ao leitor a oportunidade de conhecer o desenrolar de uma situação vivida durante o período militar numa das mais importantes universidades do país. A leitura atenta desse instigante livro aponta que o saber, acima de tudo, configura-se como um elemento da vida social intimamente ligado ao poder.

 

Mediador: Eduardo José Afonso (UNESP/Assis)

 

 

 

Mesa “Literatura e Cultura Popular”

 

Profº Dr. José Carlos Barreiro (UNESP/Assis)

As viagens atlânticas e a descoberta da cultura popular no Brasil do século XIX.

Desde fins do século XV o mundo Atlântico tem sido palco de intenso movimento de povos, culturas, políticas e ideias envolvendo as Américas, a África e a Europa. O Brasil, como parte da nervura formada por todas essas conexões, foi visitado desde o seu descobrimento por viajantes provindos de várias partes do mundo. Através da investigação do imaginário dos viajantes bem como das anotações que fizeram sobre o Brasil em seus diários foi possível iluminar aspectos variados da vida, do trabalho e da identidade de negros livres, índios, escravos, agregados, artesãos, sitiantes, marinheiros e vadios das mais diversas raças e etnias, que formavam a conformação cultural vibrante da sociedade brasileira do século XIX. Explorar as anotações dos viajantes sob esta perspectiva significou adentrar espaços pouco estudados, como feiras, pousadas e vendas de beira de estrada, locais em que se entrecruzavam tradições culturais variadas que se confrontavam com representações e práticas sociais dominantes.

 

Dr. Francisco Cláudio Alves Marques (UNESP/Assis)

Arquétipos da literatura popular do nordeste brasileiro

A História da Imperatriz Porcina, da Princesa Magalona, da Donzela Teodora, de Carlos Magno e dos Doze Pares de França integram o conjunto de textos que atravessaram o oceano na época das “descobertas”, sobrevivendo no sertão brasileiro e adaptando-se às circunstâncias do novo ambiente. Uma vez aportados no Nordeste, esses textos, espécie de apêndices europeus fortemente conservadores, revivem e, revivendo na voz dos cantadores e dos poetas populares, permitem que se entenda, pelo menos em parte, como eram praticados na Europa medieval, aproximando o poeta nordestino e seu auditório de uma possível versão do universo dos cantastorie medievais.   

 

Dra. Gabriela Kvacek Betella (UNESP/Assis)

Aquelas pequenas grandes histórias populares: matrizes e contrastes do neorrealismo cinematográfico italiano

Em 1944, logo após a libertação de Roma, alguns episódios reais da guerra e da Resistência foram reunidos para compor o roteiro de Roma città aperta (Roberto Rossellini, 1945). Os relatos que se ouviam na cidade abalada, recendendo vida e histórias, traziam fugas extraordinárias, atos de heroísmo e de solidariedade protagonizados por gente do povo, homens, mulheres e crianças, mas também contavam episódios de torturas, prisões, capturas, e fuzilamentos gerenciados pelos inimigos do povo, o exército alemão. Pouco tempo depois, Cesare Zavattini indica a Vittorio de Sica um romance de 1946, Ladri di biciclette, de Luigi Bartolini, que fornece parte do argumento (os furtos de bicicletas na Roma do pós-guerra) do filme de 1948. Para confrontar o universo romano com o ambiente rústico do sul durante a empreitada neorrealista, lembramos que Luchino Visconti, obcecado pelo romance I Malavoglia, de Giovanni Verga, recorre ao autor e ao contexto siciliano para a composição de La terra trema, lançado em 1948. Tomando os procedimentos dos mestres da chama “trindade neorrealista”, nossa proposta é expor as relações dos três filmes com narrativas vinculadas a tradições populares diferentes, para discutir o caráter social e popular normalmente oferecido pelas leituras. 

 

Mediador: Dr. Ronaldo Cardoso Alves

 

Mesa “Cinema, Cultura e História”

 

Dra. Anna Katharina Elstermann (UNESP/Assis)

 

Dra. Sylvia Ewel Lenz (UEL)

Palestra sobre  “Adeus, Lênin” – Filme Goodbye, Lenin de Wolfgang Becker, Alemanha, 2003.

O impacto da Queda do Muro de Berlim em nove de novembro de 1989, uma muralha construída em torno de Berlim Ocidental, uma ilha capitalista em um país satélite da URSS.   Tal ato político implicou em  mudanças profundas no cotidiano dos alemães na antiga República Democrática Alemã.  Nesta  comédia inteligente, o diretor mostra o drama de uma família cuja mãe, acamada,  apesar das tentativas dos filhos em ocultar  o fim do Estado socialista. A família mora na cidade que era capital da RDA;  mas que, desde 1999,  é  capital da Alemanha reunificada.

                                                                                                                                                                   

Dr. Eduardo José Afonso (UNESP/Assis)

“Adeus, Lênin” – Filme Goodbye, Lenin de Wolfgang Becker, Alemanha, 2003

O filme abre espaço para que se discuta a questão tão premente nos dias atuais. A Questão da História e da Memória !   Quando em 9 de novembro de 1989 o muro de Berlim cai, muitas foram as esperanças dos dois lados divididos pela Guerra Fria. Capitaneada pela antiga Alemanha Ocidental a abertura do Muro significou não só  a unificação alemã mas,  igualmente,  a produção do esquecimento. Esquecimento de tudo que havia sido a Alemanha Oriental. Nessa sanha de “unificação”, todos “os espaços da memória” foram apagados e com eles a lembrança de um lado que, até hoje, é taxado de atrasado e retrogrado. O que foi feito com a memória dos alemães Orientais. Por que, ainda hoje, são chamados de “Osts”?

 

 

Mediador: Dr. Áureo Busetto (UNESP/Assis)

(19/Outubro) Segunda 

(20/Outubro) Terça 

 

 

Mesa “Resistências e Culturas Africanas”

 

Dr. Lorenzo Macagno (UFPR)

A luta anticolonial e a construção da nação em Moçambique

Do início da luta armada (1964) contra a presença de Portugal até a independência de Moçambique (25 de junho de 1975), os debates no seio da FRELIMO (Frente de Libertação de Moçambique) foram perpassados pela tensão “nacionalismo anticolonial” versus “socialismo”. A discussão oscilava entre a FRELIMO ser uma frente de libertação nacional ou um Estado/Partido. Mais tarde, a FRELIMO se autodenominaria “marxista-leninista”, o que possibilitaria, na visão dos seus porta-vozes, a modernização e o desenvolvimento do país. A proposta de comunicação para a mesa “Resistências e culturas africanas” consiste em situar as coordenadas locais e internacionais dessa luta anticolonial, bem como os dilemas da construção de uma nação moçambicana a partir de 1975.

 

Dra. Fabiana Schleumer (UNIFESP)

“Artes Magicas” em Angola: a história de Francisco Rodrigues (1783)

Segundo Francisco Bethencourt e Philip Havik, a ação inquisitorial se desenvolveu em quatro continentes: Europa, América, Ásia e África. Nos dois primeiros, são fartos os estudos referentes aos mecanismos e formas de ação da Inquisição. Neste contexto, merecem destaque os trabalhos desenvolvidos por Antônio Baião, Anita Novinsky e Jose Goncalves Salvador.

Na década de 1980, Jose da Silva Horta, analisou as visitas pastorais a região de Congo e Angola, concedendo assim visibilidade a África Central por meio do uso de fontes inquisitoriais. Na década seguinte, os estudos desenvolvidos por Francisco Bethencourt, Jose Pedro Paiva e Didier Lahon adensaram a discussão, fomentando a realização de eventos em Portugal e Franca, cujo objetivo principal foi analisar a presença dos africanos na documentação inquisitorial, com ênfase, ao estudo das práticas de “feitiçaria” e a organização em “irmandades de homens pretos”. 

Esta comunicação tem por objetivo apresentar uma contribuição a essa discussão, adotando como ponto de partida a história de Francisco Rodrigues (1783), Arquivo da Torre do Tombo (Portugal).  A partir deste documento, discutirei a importância da utilização das fontes inquisitórias para a feitura da História de Angola e seus habitantes. Delimita-se como objetivo principal a apresentação da perseguição do Tribunal da Inquisição sobre os habitantes de Angola, bem como as estratégias cotidianas de sobrevivência desenvolvidas pela população local. 

 

Dra. Fernanda do Nascimento Thomaz (UFJF)

Ações e reações africanas: qual é o significado de resistência?

Nesta palestra, pretende-se abordar as diferentes atitudes dos africanos frente às políticas e presença europeias na África, desde sua penetração até às primeiras aspirações para as independências nacionais. A ocupação e exploração colonial da África, a partir do final do século XIX e ao longo da primeira metade do século XX, gerou inúmeras reações dos africanos que, não somente se opuseram às imposições colonialistas, como também atribuíam vários significados a elas. Além dessa multiplicidade, as resistências africanas receberam outros significados, cunhados posteriormente pela historiografia que se debruçou sobre a temática. Vale ressaltar que, durante duas décadas, resistência foi considerado o tema privilegiado entre os pesquisadores africanistas. Deste modo, em uma abordagem geral, buscar-se-á refletir sobre os múltiplos significados das ações e reações dos africanos, bem como do próprio conceito de “resistência”.

 

Mediadora: Dra. Lucia Helena Oliveira Silva (UNESP/Assis)

(21/Outubro) Quarta 

 

Mesa "Gênero e Sexualidade"

 

Dra. Lourdes Feitosa (USC)

Memórias sobre as construções de gênero

Nesta apresentação, propõe-se discutir a construção dos conceitos de gênero e de sexualidade na sociedade romana do séc. I d.C, tendo como foco as tensões discursivas e de poder geradas nas definições dos papéis e dos lugares sociais ocupados, observadas em textos literários e em grafites de Pompéia.  Destaca-se como a análise dessas acepções em documentos variados mostra-se importante para identificarmos os conflitos entre os comportamentos idealizados e aqueles vivenciados na sociedade romana do período, bem como o registro de diferentes memórias que nos aproximam de uma sociedade dinâmica e plural, na qual as mudanças são acompanhadas de resistências, mas também de novos pensamentos e atitudes.

 

Dra. Priscila Vieira (UNICAMP)

Foucault, a sexualidade e o prazer

Esta comunicação trata das reflexões de Foucault acerca da sexualidade e do prazer. No primeiro volume de sua História da Sexualidade, escrito em 1976, ele reflete como o Ocidente lançou uma incessante demanda de verdade sobre o sexo. Ao contrário de ser escondido e escamoteado por novos pudores da sociedade burguesa, somos forçados a saber cada vez mais sobre ele, pois o sexo revela a nossa verdade. Ele tornou-se a razão de tudo. Foucault se pergunta: por que essa grande caça à verdade do sexo, à verdade no sexo? Desse modo, o primeiro objetivo é acompanhar a história dessa vontade de verdade realizada por ele. O segundo objetivo busca compreender como a problemática do prazer transforma radicalmente essas questões. Isso porque, para escapar da centralidade reservada ao sexo pelo dispositivo da sexualidade, Foucault recorre à cultura antiga pela diferença que esta apresenta em relação à monarquia do sexo presente na modernidade. No início da década de 1980, principalmente nos volumes II e III da História da Sexualidade, ele mostra como a atitude que é necessária à moral dos prazeres tem a ver com a temperança, a devoção, a sabedoria, a coragem e a justiça. Entramos em um campo que se refere ao modo de se relacionar consigo, essa arte do domínio de si tão difundida entre os gregos. Dominação de si por si que participa de uma luta, de uma resistência, de um combate, e que exige um esforço, um exercício para participar dessa relação agonística. De um lado desse jogo de forças está a moderação, de outro o excesso. Instaurar, portanto, em relação aos prazeres, uma atitude de combate que procura a vitória por meio da razão de uma arte de si mesmo que não pretende anular uma certa natureza intrínseca e faltosa do sujeito ou revelar, pela sexualidade, a verdade mais profunda do indivíduo. Trata-se, portanto, nesse momento histórico, do domínio e do império que o indivíduo exerce sobre si mesmo. 

 

Dr. Wiliam Siqueira Peres (UNESP/Assis)

Diversidade afetivas e sexuais e expressões de gêneros: subversão da identidade e novos sujeitos direitos.

Este texto apresenta problematizações generalizadas a respeito de expressões dissidentes da heteronormatividade que escapam das armadilhas biopolíticas, inventam novos modos de subjetivação e de afirmação de singularidades potentes; se divide em três momentos: um panorama histórico-conceitual que dialoga com o ativismo político e emancipatório das lutas empreendidas pelos movimentos LGBTTTI – Lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais, transgêneros e intersexos; um compilado teórico conceitual advindo de pesquisas e estudos acadêmicos; algumas problematizações a respeito da emergência das homofobias, lésbofobias e transfobias na contemporaneidade.

 

Mediadora: Dra. Andréa Lúcia D. Oliveira Carvalho Rossi (UNESP/Assis)

Mesa "Religião e Poder"

 

Dr. Angelo Assis (UFV)

Religião, Poder e resistências: cultura criptojudaica nas fontes inquisitoriais sobre a América portuguesa

Esta apresentação pretende analisar o processo de resistência dos cristãos-novos - suspeitos de judaizar em segredo - à religião católica dominante durante o período colonial brasílico, principalmente através das fontes produzidas pelo Tribunal do Santo Ofício da Inquisição. A implementação do monopólio católico no mundo ibérico, completado em fins do século XV, levaria a que muitos antigos judeus, transformados oficialmente em neoconversos, continuassem a buscar alternativas e estratégias de resistência religiosa, procurando manter a fé dos antepassados. A criação da Inquisição portuguesa, em 1536 teria, nos suspeitos de judaizar em segredo, o principal motivo para a sua criação e o mais intenso combustível para a sua atuação. As fontes produzidas pelo Santo Ofício referentes ao Brasil estão cheias de acusações e confissões de práticas apontadas como criptojudaicas. Destaque, neste processo, para o papel representado pelas mulheres, alavancadas ao papel de principais responsáveis por este processo de resistência religiosa, repassando, dentro do possível, o judaísmo proibido às novas gerações.

 

Dr. Yllan Mattos (UNESP/Franca)

“Inquisição de falcatrua”: desafios eruditos, disputas políticas e palavras malsoantes contra o santo Ofício português (Séculos XVI-XVIII) 

Os críticos da ação inquisitorial em Portugal fizeram uso de panfletos, memoriais ou mesmo de sua voz para forjar, posto que sem intenção, uma imagem literária do Santo Ofício que foi amplamente utilizada por diversos de seus adversários, sejam eles cristãos-novos ou velhos. Fato de monta, estes escritos ganhavam certa unidade dentro de uma diversidade de personagens que ocupavam lugares dispares ou mesmo tinham intenções diversas com suas palavras. Assim, no conjunto, chamaremos – malgrado a imprecisão do termo – de literatura anti-inquisitorial estes escritos, embora a maior parte dos autores fosse crítico apenas do procedimento e dos estilos e não tiveram a intenção de levar a termo o Tribunal. Assim, esta investigação lança luz sobre a gestação e consolidação de um pensamento crítico acerca do Santo Ofício luso, tendo como principal objetivo analisar o processo produção e recepção das críticas contra os procedimentos da Inquisição, tanto de populares como de letrados.

 

Dr. Milton Carlos Costa (UNESP/Assis)

A teologia da libertação e a questão do poder: uma reavaliação da obra de Leonardo Boff

A fala tem por objetivo discutir a importância e o impacto histórico do movimento religioso, intelectual e político da teologia da libertação, através do estudo da obra de Leonardo Boff, pontualmente do seu livro Igreja: carisma e poder – ensaios de Eclesiologia militante e dos debates e polêmicas ocorridas em torno deste trabalho.

 

Mediador: Dr. Ricardo Gião Bortolotti (UNESP/Assis)

(22/Outubro) Quinta 

 

Mesa "Estado e Poder"

 

Dr. Angelo Priori (UEM)

As comissões da verdade e os movimentos de resistências de camponeses e trabalhadores rurais

O objetivo desta palestra é analisar os relatórios da Comissão Nacional da Verdade (CNV), das Comissões Estaduais da Verdade dos estados de São Paulo e do Paraná (CEVs) e da Comissão Camponesa da Verdade (CCV), para refletir sobre as graves violações de direitos humanos que camponeses e trabalhadores rurais sofreram durante a ditadura militar (1964-1985). A expressão “violação de direitos humanos” aqui adotada é a consubstanciada pelos tratados internacionais, na qual foram consideradas aquelas que se caracterizam como “crimes de lesa humanidade”, de modo que trata especificamente das graves violações perpetradas por agentes do Estado Brasileiro e/ou a seu comando, contra a população civil, de maneira intensa e continuada, com uso permanente de força, suprimindo direitos individuais e coletivos, a liberdade de expressão e a imposição de um conjunto normativo autoritário para institucionalizar e legalizar atos e práticas típicas de regimes de exceção. Tomaremos como referência a violação de direitos contra camponeses e trabalhadores rurais, para exemplificar as práticas cometidas pelo Estado autoritário brasileiro, no período acima referido.

 

 

Profº Dr. Elizabeth Cancelli (USP)

A exaltação da memória espetáculo 

Nosso trabalho tem como eixo a reflexão sobre a  imposição  da memória espetáculo, tão evidente na  filmografia sobre o holocausto  e sobre as ditaduras militares. Esta imposição, argumentamos aqui,   acabou por estabelecer “formas adequadas de rememoração”, cada vez mais ancoradas em torno da construção de imagens e na invocação ressentida, em seu apelo sentimental, em sua vitimização, em sua heroificação e  na desimplicação subjetiva que oferece ao sujeito. Buscaremos, em nosso trabalho, a  reflexão histórica sobre a exaltação à memória e sobre  a  forma  recorrente e  ideologizada da rememoração que marca o embate ideológico do pós-guerra e a construção das ditaduras na América Latina, especialmente a ditadura civil-militar brasileira. Neste sentido, buscaremos a estreita relação que se estabelece entre memória e  totalitarismo, problemática  fundamental, mas  ignorada pela historiografia brasileira,  que não atribui relação entre ambas, não lhes designando qualquer  significado quer do ponto de vista político, quer do ponto de vista cultural ou intelectual. Curiosa situação, porque a ideia de totalitarismo, (re)construída no pós IIa Grande Guerra, é reconhecidamente associada à ideia de memória e se constitui como um dos grandes fenômenos políticos do século XX. 

 

Mediador: Dr. Paulo César Gonçalves (UNESP/Assis)

Mesa de Ecerramento "Cidadania e Democracia no Brasil"

 

Dr. Luiz Carlos Villalta (UFMG)

 

Dra. Maria do Carmo Martins (UNICAMP)

Ensino de História, Ditadura e Democracia no Brasil: sobre a memória incômoda e as formas duvidosas de esquecer

Na conferência o tema será a História ensinada, com olhar especial para os currículos da disciplina. Nela abordarei a noção de “memória incômoda” - memórias de identificação entre oprimido e seu opressor - e, as “formas duvidosas de esquecer” – formas de negar o acesso ao acontecido - como elementos para análise comparativa do ensino de história escolar durante os períodos da ditadura militar brasileira  (1964 -1985) e na contemporaneidade (anos 2000), procurando destacar as conexões, permanências e mudanças dos sentidos dessa disciplina. 

 

 

Mediador: Profº Dr. Paulo Henrique Martinez (UNESP/Assis)

Mesa "História e Memória: Museus e Patrimônio Social"

 

Dra. Isabel Guillen (UFPE)

Cultura Negra: Patrimônio e Memória.

O paper objetiva discutir o processo de reconhecimento de diversas manifestações culturais negras como patrimônio imaterial, pelo IPHAN, ao longo das últimas décadas. Dentre estas, destacaremos o processo de patrimonialização do maracatu-nação, uma vez que fui responsável pela coordenação do processo de pesquisa que redundou no Inventário Nacional de Referência Cultural do referido bem. Nesse sentido, o trabalho objetiva discutir os investimentos feitos pelos movimentos negros brasileiros nesse processo em particular, e ao longo de sua história, como uma via estratégica de reparação e valorização da cultura negra. Abordaremos ainda outros processo de patrimonialização extremamente importantes para os movimentos negros, como o reconhecimento do terreiro de candomblé do Engenho Velho, Salvador, BA,   e a criação do memorial Zumbi, na Serra da Barriga, Alagoas.

 

Dr. Eduardo Romero (UNESP/Rosana)

Questões sobre a preservação do patrimônio cultural na atualidade: o exemplo do patrimônio industrial ferroviário na Inglaterra

 

Dentre os tipos patrimoniais que mais recentemente foram incluídos no rol de proteção, temos o patrimônio industrial. Enquanto os tipos clássicos – “monumentos históricos, edifícios de culto, artes e ciências”, conforme expresso na Convenção de Haia, em 1899 - tem seu reconhecimento consolidado desde o século XIX; outros fora caracterizados no século XX, como o patrimônio arqueológico (evocado nas Recomendações de Nova Délhi/UNESCO, em 1956), o ambiental (evocado na Carta de Paris/UNESCO em 1972) e o intangível (na Salvaguarda do Patrimônio Imaterial/UNESCO, de 2003) Apesar da primeira proteção de um bem industrial no âmbito mundial ter ocorrido em 1978 (Minas de Sal de Wieliczka, na Polônia), a conceituação de patrimônio industrial só foi internacionalmente declarada na Carta de Nizhny Tagil (TICCIH, 2003), posteriormente revisada nos Princípios de Dublin TICCIH/ICOMOS (2011). E desde 2013, o ICOMOS convidou um membro do TICCIH para a equipe de avaliadores à Lista de Patrimônio Mundial – responsável pelas candidaturas na área de arqueologia industrial. Em 2006, haviam 44 bens listados como patrimônio mundial pela UNESCO; até 2015, mais 23 bens foram mais incluídos. Observamos assim uma multiplicação de bens industriais reconhecidos como patrimônio da humanidade; surgimento de instituições e diretrizes especificas sobre este novo tipo patrimonial. Sendo assim, a problemática geral que temos nos debruçados mais recentemente é o que este novo tipo patrimonial agregou à reflexão sobre a preservação de bens culturais, a partir de analises especifica da proteção dos bens ferroviários.

Circunscrevemos esta problemática a questões um pouco mais precisas, mas ainda teóricas e complexas. Aquela que iremos tratar nesta apresentação considera se há particularidade do patrimônio do transporte ferroviário, em relação à preservação e reutilização de outros tipos patrimoniais. Dentre todos os países em que esta experiência se mostra mais intensa, a Inglaterra destaca-se como o local de referência mais imediata sobre a conservação patrimônio ferroviário – perspectiva alegada tanto do ponto de vista da pesquisa inglesa sobre o tema, quanto internacional. O que nos leva a uma segunda questão: a qual a contribuição que exemplos de preservação internacionais, como na Inglaterra nos últimos 40 anos, podem trazer para as atuais exigências de preservação do patrimônio ferroviário no Brasil? Para tratar destas questões, apresentaremos alguns sítios de patrimônio ferroviário na Inglaterra relevantes, a fim de observar as formas de gestão do patrimônio industrial e soluções adotadas na sua preservação.

 

Dr. Carlos Alberto Menarin (UNESP/Assis)

Meio Ambiente e Patrimônio no médio vale do rio Mogi-Guaçu

O estudo visa discutir as transformações ambientais e urbanas dos municípios de Pirassununga, Porto Ferreira e Santa Rita do Passa Quatro, localizados no médio vale do Mogi-Guaçu examinando as relações cotidianas entre as sociedades locais e o meio ambiente. Em particular, será observado a constituição do patrimônio cultural e ambiental na região por meio dos seus bens tombados ou protegidos em museus e unidades de conservação, qual a leitura do passado que oferecem e o potencial que guardam para o desenvolvimento sustentável local. 

 

 

Mediador: Profº Dr. José Luis Bendicho Beired (UNESP/Assis)

(23/Outubro) SEXTA 

 

bottom of page